Terra Brasilis, Encontro Cultural no Estação Poesia

11 de dezembro de 2013 § Deixe um comentário

* A ESTAção POESIA do Atelier GATO DE MÁSCARA INAUGURA A SÉRIE
TERRA BRASILIS: evento destinado à reflexão e realce da consciência da nossa história brasileira, nas suas diversas cores, vozes e sons; palestras, músicos e exposições todo dia 20 de cada mês
* neste 20 de dezembro: Show do Coletivo Roda Gigante (20hs) 
• Esses Palmares – Mostra e venda de pinturas de Regina Gulla • abertura às 19hs, finda às 23hsLOCAL: ESTACÀO POESIA, NO ATELIER GATO DE MÁSCARA, RUA FRADIQUE COUTINHO, 1884, VILA MADALENA, SÀO PAULO, SP
• LOCAL: ImagemImagemEntrada: R$25 reais
• serviços de café, refri e sanduiches caseiros (a pipoca é gratuita
• (a agenda do Terra Brasilis 2014 será publicada em janeiro)

A Bala Perdida e o Violino

27 de agosto de 2012 § Deixe um comentário

Quem terá desejos de pegar numa arma, se puder viver sempre uma experiência musical? Quem?
Who will wish to pick up a firearm, it can always live music experience? Who?
Qui voudra prendre une arme à feu, il peut toujours vivre une expérience musicale? Qui?
Quem?

http://www.youtube.com/watch?v=ykYW_BtCSGE

Quem foi que diz que metais não falam?
Quando a gente pergunta, eles respondem direitinho o que desejam ser: pelo brilho do som a gente vê que eles adoram ser saxofone, cordas de piano, flautas…
É desse destino feliz dos metais que A Bala Perdida e o Violino, da ed. Planeta, vem falar às crianças e adultos feitos para a Alegria de Viver.

Leiam, que vão gostar. Do Cisco Alegria, da bala e das lindas ilustrações da Andréa Ebert. Beijo a todos, da Regina Gulla.

http://www.youtube.com/watch?v=EbX26jgEPD8&feature=relmfu — em São Paulo.

Pier Paolo Pazolini, Caetano e Ezra Pound/ o sentido da escrita

7 de junho de 2011 § Deixe um comentário

Entrevista com Ungaretti

Pazolini e Ezra Pound

Ezra Pound

Galáxia, Haroldo de Campos,

Talvez por esta razão é que Malarmé//A Sonhadora Matéria

3 de novembro de 2010 § 1 comentário

A Sonhadora Matéria

A Sonhadora Matéria, aquarela regina gulla

Linguagem poética & Linguagem argumentativa

No poema, a linguagem argumentativa corre o risco de

compor fundamentos, de ser mesmo mensagem fundamentalista.

Se invade o poema, a linguagem argumentativa perde seu brilho e função

que é a de defender argumentos, provar e comprovar idéias.

MALLARMÉ E DEGAS: COM QUANTAS IDÉIAS SE FAZ UM POEMA?

Mallarmé (1842-1898) poeta francês associado ao Simbolismo, tido como poeta hermético, foi daquelas sensibilidades para a poesia, como raros o foram ao longo da tradição ocidental. Já era uma celebridade no meio literário quando publicou seu poema Um lance de dados jamais abolirá o acaso, no ano de 1897, poema fundante, pois que está nas origens das poéticas mais radicais que se desenvolveram no século XX. E, mesmo depois de morto, deixou claro que tinha muito mais coisas a mostrar, para intrigar o mundo. Incompreendido por alunos (foi professor de inglês) mas amado e cultivado por colegas da poesia e doutras artes, assim como por discípulos, Mallarmé viveu numa época de grande efervescência, numa França com grande densidade de gênios, em todos os campos , sendo o próprio Mallarmé, gênio maior entre gênios: Degas, Cézanne, Debussy, Rimbaud, Zola, Rodin, Irmãos Lumière, Monet… Precisaria citar mais alguém? Bem, conta o grande poeta-pensador Paul Valéry que, certa feita o pintor Degas comentou com o amigo Mallarmé que possuía boas idéias, mas que as mesmas acabavam por não resultar poemas. Mallarmé, certeiro,  disparou que poemas não se faziam com idéias, mas com palavras! É óbvio que palavras são entidades prenhes de idéias, mas o que Mallarmé quis dizer – é a interpretação mais plausível – é que para se fazerem poemas é preciso que idéias se corporifiquem em palavras. Que o código de domínio de Degas não era o verbal, mas o gráfico, o das linhas, formas, cores e que ele – Degas – não dizia ter idéias para quadros: ele simplesmente os fazia (e, genialmente, diga-se). Ou seja, Degas não era um poeta, no sentido de que poeta é aquele que, manipulando palavras faz delas obras de arte: os poemas. Degas era um desenhista-pintor, então, que pintasse! OMAR KHOURI



A matéria sonhadora gera o texto, o leitor é incitado a sonhar novas realidades, essas feitas de palavras, no nosso caso.

Esses novos sonhos palavrais, se multiplicam em outros, no novo poema, no poema do leitor.

Aquela questão sobre linguagem… Sobre a palavra… Sobre a Matéria recriada sob forma de representação do conhecido/ou como inauguração de um mundo que passa, agora,  a existir palavralmente, sugerindo mais e mais estados poéticos, mais e mais linguagem na página. Essa é a linguagem multiplicadora, pela escrita e leitura e outras escritas, incansavelmente.
Bjbj
Regina
…………….

Nomear um objecto equivale a suprimir os três quartos de prazer da poesia, que é feito de adivinhar pouco a pouco: sugeri-lo, eis o sonho.

Stéphane Mallarmé

Mallarmé
Mallarmé

https://i0.wp.com/upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/88/Ismael_Nery_-_Retrato_de_Murilo_Mendes%2C_1922.jpg

Murilo Mendes

Idéias Rosas

Minhas idéias abstratas,

De tanto as tocar, tornaram-se concretas:

São rosas familiares

Que o tempo traz ao alcance da mão,

Rosas que assistem à inauguração das eras novas

No meu pensamento,

No pensamento do mundo em mim e nos outros:

De eras novas, mas ainda assim

Que o tempo conheceu, conhece e conhecerá.

Rosas! Rosas!

Quem me dera que houvesse

Rosas abstratas para mim.

Murilo Mendes, Poesias, José Olímpio, RJ

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MY CREATIVE METHOD

Francis Ponge

Sidi-Madani, quinta-feira, 18 de dezembro de 1947
http://www.culturapara.art.br/opoema/francisponge/francisponge.htm

Sem dúvida não sou muito inteligente: em todo caso as idéias não são o meu forte. Sempre fui iludido por elas. As opiniões mais bem fundamentadas, os sistemas filosóficos mais harmoniosos (os mais bem constituídos) sempre me pareceram absolutamente frágeis, me provocaram uma certa repugnância, vazio na alma, uma penosa sensação de inconsistencia. Não me sinto de modo algum seguro das proposições que lanço durante uma discussão. As que me são opostas parecem-me quase sempre igualmente válidas; digamos, para sermos exatos: nem mais nem menos válidas. Posso ser convencido, desarmado com facilidade. E quando digo que posso ser convencido: trata-se, senão de alguma verdade, pelo menos da fragilidade de minha própria opinião. Além do mais, o valor das idéias parece-me na maioria dos casos em razão inversa ao ardor empregado para expô-las. O tom da convicção (e mesma da sinceridade) é adotado, assim me parece, tanto para convencer-se a si mesmo quanto para convencer o interlocutor, e mais ainda talvez para “substituir” a convicção. De qualquer modo, para substituir a verdade ausente das proposições emitidas. Eis o que sinto de modo bem forte.
Assim, as idéias como tal parecem-me aquilo de que sou menos capaz, e não me interessam mesmo. Vocês me dirão sem dúvida que aqui há uma idéia (uma opinião)… mas: as idéias, as opiniões me parecem dirigidas em cada um de nós por algo que não o livre-arbítrio ou o juízo. Nada me parece mas subjetivo, mais epifenomenal.
Não compreendo muito que as pessoas se jactem delas. Eu acharia insuportável que se pretendesse impô-las. Querer apresentar sua opinião como válida objetivamente, ou em termos absolutos, parece-me tão absurdo quanto afirmar por exemplo que os cabelos louros cacheados são mais “verdadeiros” que os cabelos pretos lisos, o canto do rouxinol mais perto da verdade que o relincho do cavalo. (Em compensação sou bastante propenso à formulação e talvez tenha algum dom para ela. “Eis o que você quer dizer…” e em geral obtenho daquele que falava a concordância com a fórmula que lhe proponho. Este é um dom de escritor? Talvez.)
Caso um pouco diferente é o do que chamarei de constatacões; digamos, se preferirem, as idéias experimentais. Sempre me pareceu desejável que houvesse um entendimento, senão quanto às opiniões, pelo menos quanto a fatos bem determinados, e se isso ainda parece muito pretensioso, pelo menos quanto a algumas definições sólidas.
Talvez fosse natural que com tais disposições (desgosto pelas idéias, gosto pelas definições) eu me dedicasse ao recenseamento e à definição em primeiro lugar dos objetos do mundo exterior e entre eles daqueles que constituem o universo familiar dos homens de nossa sociedade, em nossa época. E por quê, me objetarão, recomeçar o que foi feito em várias oportunidades e bem estabelecido nos dicionários e enciclopédias? Mas, responderei, por que e como é que existem vários dicionários e enciclopédias na mesma língua na mesma época e que suas definições dos mesmos objetos não são Idênticas? Sobretudo, como é que no caso parece estar mais em questão a definição das palavras que a definição de coisas? Por que posso ter essa impressão, para dizer a verdade bastante extravagante? Por que essa diferença, essa margem inconcebível entre a definição de uma palavra e a descrição da coisa que essa palavra designa?
Por que as definições dos dicionários nos parecem tão lamentavelmente desprovidas de concreto e as descrições (dos romances ou poemas, por exemplo) tão incompletas (ou muito particulares e detalhadas, ao contrário), tão arbitrárias, tão temerárias? Não poderíamos imaginar uma espécie de escritos (novos) que, situando-se mais ou menos entre os dois gêneros (definição e descrição), tomariam emprestados do primeiro sua infalibilidade, sua indubitabilidade, sua brevidade também, do segundo seu respeito pelo aspecto sensorial das coisas…
Francis Ponge

( Trad: Júlio Castañon Guimarães)
Aqui vai o método criativo de um autor que prima pela imagem, o Sr Francis Ponge
Abraço
Regina

APOCALIPSES

1
Com a aurora a ressumar, este sinal: em minha janela, uma árvore nua.

2
Um grito esquartejou a aurora.
Ao homem que retomara o espelho, pareceu-lhe que uma nova noite o invadia.
Suplicava que lhe fosse poupada essa insustentável evidência.

(Trad: Júlio Castañon Guimarães

A SONHADORA MATÉRIA

Provavelmente tudo e todos – e nós mesmos – não sejamos mais que sonhos imediatos da divina Matéria:
Produtos textuais de sua prodigiosa imaginação.
E assim, em certo sentido, poderíamos dizer que toda a natureza, inclusive os homens, nada mais é que uma escritura; mas certo tipo de escritura; escritura “não-significativa”, já que não se refere a sistema algum de significação; já que se trata de um universo indefinido: falando claramente, “imenso”, sem medidas.
Ao passo que o mundo das palavras constitui um universo finito.
No entanto, já que composto por esses objetos bastante particulares e particularmente comoventes, os sons significativos e articulados de que somos capazes, que nos servem “a um só tempo” para nomear os objetos da natureza e exprimir nossos sentimentos,
Sem dúvida basta “nomear” não importa o quê – de um determinado modo – para exprimir tudo do homem e, ao mesmo tempo, glorificar a matéria, exemplo para a escritura e providência do espírito.

F. Ponge


( Trad: Júlio Castañon
Guimarães)

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Ideias e palavras

Há um episódio muito famoso envolvendo o poeta francês Stéphane Mallarmé(1842-1898) e o pintor Edgar Degas (1834-1917) , contado pelo poeta Paul Valéry(1871-1945) : intrigado, Degas teria dito a Mallarmé que sempre tinha ótimas ideias, mas que, no final das contas, não resultavam em poemas. Ele prontamente lhe respondeu que poemas não se faziam com ideias, mas com palavras.

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